Eu pertenço à Floresta.
Desde o princípio, ela sempre esteve dentro de mim. Quando deito-me na terra, fecho os olhos e sinto o vento e o barulho e todas as coisas que fazem parte da Floresta como se essas coisas fizessem parte de mim também. Na verdade, todas essas coisas fazem parte de mim. Torno-me um só com a Floresta porque, na realidade, nós nunca deixamos de ser um só. A minha conexão com ela é tão pura que, só dessa forma, consigo enxergar a única verdade dentre todas as proposições. Sinto que todas as coisas têm sentido dentro da Floresta, apesar de que a Floresta em si não tem um sentido claro para mim. Eu sinto que é algo que eu não consigo entender, a Floresta me limita e eu tenho que aceitar isso, faz parte do nosso contrato.
O nosso contrato é o que me permite viver, pensar e agir por mim mesmo. Entretanto, até dessa forma, eu estou sob o controle da Floresta. O nosso contrato me diz que devo morrer também, porque essa é a ordem natural de todas as coisas que residem na Floresta. Os animais, as arvores, as estrelas, os planetas e todas as coisas da existência, todas tendem a morrer. A Floresta é a única coisa que consegue me dar a felicidade, ela é a única coisa que efetivamente existe e eu devo tudo a ela.
Quando eu morrer, muito em breve, eu não vou morrer de verdade. Na realidade, eu vou continuar aqui e, assim como todas as pessoas, apenas estarei em uma forma diferente. Não é a minha forma final. Na realidade, é a minha forma inicial, a mais pura e simples forma de se estar, assim como tudo deve ser.
K. L. Melo