Eu vivo em uma fase triste, tanto de mim mesmo quanto no mundo que eu habito. Eu não escrevo este e outros textos só pra mim, mas também pras pessoas que vão viver depois de mim (além das pessoas que vivem comigo) e acho que é interessante contextualizar o mundo. Parece algo claro que a visão deste lugar vai ser preservada para o futuro e que as pessoas vão conseguir enxergar com facilidade as coisas que acontecem hoje porque temos tecnologia relativamente avançada no que tange a recordar pensamentos e momentos, mas eu discordo.
Eu acho que a visão que eu tenho não vai ser bem preservada, mas ela é real. Eu não vivo num mundo bom, na verdade é péssimo. Por mais que a vida é levada de uma forma moderada por mim, o mundo é doente. Estamos rodeados de facilidades, praticidades e pessoas que passam as mãos na cabeça das outras, como se estivesse tudo bem ser do jeito que querem. É um mundo fraco, egoísta, que se importa com as coisas que não são de fato importantes. Mas, não é como se nós já tivessemos sanado os problemas principais para que possamos criar novos que não me parecem importantes, os problemas importantes estão por toda parte e são postergados.
Vivemos em guerras, de todos os tipos. Mas, a pior guerra, é a do ser humano contra a natureza. As pessoas insistem em fugir da sabedoria que a natureza traz, não se enxergam como animais. Nós somos animais comuns, deveriamos entender isso. Meus cachorros são pouco inteligentes, mas não criam problemas, tentam resolvê-los como podem. Vivem vidas simples e são felizes com pouco, principalmente com o que o dinheiro nem pode comprar. O nosso problema é que não somos assim e precisamos de diversas coisas para sermos felizes, principalmente dos vícios.
Não é um discurso anticapitalista, só sou pouco consumista e pouco materialista. Acho que essas são algumas das poucas características em mim que me fazem ter certeza que não sou um louco contra um mundo de corretos. Mas acho que é a ordem natural das coisas serem todos assim, asdasdasdasdGggtodos tendem a ser viciados.
Os estímulos ao ruim estão em todo lugar, o que tira a moderação do ser humano. Estão nas coisas que viciam e estão nos viciados, loucos pelo prazer ilimitado e pelo gosto infinito de coisas que não deveriam poder ser alcançadas de forma tão livre. E sobre ser livre, há de pouco no mundo em que eu vivo. Poucos são livres, poucos são desligados e conseguem simplesmente viver, sem precisar de mais nada. Já pensou sobre isso? Você consegue viver sem tudo o que você tem? O que você tem? Não falando sobre as coisas que você nasceu com ou são intrínsecas a você, mas sim dos seus bens.
Além dos bens, você pode não ser livre pelas coisas que consome, são outras coisas que o seu dinheiro compra e você, mesmo que momentâneamente, tem como bem. Essas são as piores, entram dentro de você, literalmente. Elas te destroem, roubam as coisas que você não pode comprar e você não tem o jeito fácil de receber elas de volta.
E, sobre o jeito fácil, algumas pessoas postergam até morrerem coisas que poderiam ter feito e, ao em vez disso, usam o jeito fácil
pra ganhar algum tempo. Ganhar algum tempo, você realmente ganha? Você pode ver vídeos no dobro da velocidade, você pode ver vídeos mais curtos, o quão curto você quiser, tudo pra ganhar tempo. Mas, você usa esse tempo que você ganhou pra algo? Quantas coisas você faz pra ganhar o tempo que você não usa pra nada?
E, se você concorda com tudo isso, isso faz alguma diferença? Isso vai mudar algum hábito seu? Você consegue mudar? Você quer?
É aí que está o maior problema do ser humano, historicamente. O resto dessa história você pode ler em O Mito da Caverna
, de Platão. Por enquanto, é isso, chegará a hora de falar do mundo de novo.
K. L. Melo