Não acho que a palavra "tormento" seja o que melhor descreverá isto, mas gosto de continuar as coisas. Na verdade, gosto de fazer uma coisa de cada vez e, continuando algo, sinto que ainda estou fazendo aquela coisa. É difícil de explicar e imagino que seja mais ainda de entender, mas acho que essa ideia de uma "coisa de cada vez" entrará melhor na sua mente com o passar dos dias. Talvez isso venha a acontecer porque estou finalmente com um pouco mais de tempo disponível. Não é como se eu não tivesse tempo antes, porque tinha, mas não havia interesse em fazer coisas relevantes, com exceção de ler alguns livros, porque eu ando fazendo isso ultimamente.

Afinal de contas, este texto é algo como eu fiz antes (por isso há esse "II" na frente) e eu vou usar esta página pra falar um pouco mais sobre mim. No meu último texto, acabei comentando sobre estar triste e realmente estava, mas as coisas, por incrível que pareça, não são as mesmas agora. Eu ainda tenho todos os motivos que tinha pra ficar triste, mas, como um deus ex machina, Beatriz, minha novíssima grande paixão em forma de pessoa, encanta e me alucina de forma a fazer com que não me importe mais com as coisas ruins da vida. É bom viver assim, talvez seja a única droga que realmente preciso pra viver.

É uma pessoa incrivelmente simples, como nunca serei eu mesmo, merece que seja nomeada aqui, coisa que eu nunca fiz com qualquer pessoa, nem mesmo comigo próprio. Eu nunca nem disse o meu nome neste lugar, mas acho que ela merece ter o seu escrito. É uma pessoa especial, simples, como as coisas que eu tanto digo gostar aqui e, ademais, serve de inspiração para seguir a vida. É uma pessoa boa, é revigorante e dá esperança de que as pessoas podem realmente amar umas às outras sem mentir. Ela me dá esperança de que uma parte do mundo pode ser bom e, por isso, não merece ser jogado fora. Caso ela me decepcione, não vou ficar triste, como com outras pessoas que já me decepcionaram antes, nem faz tanto tempo. Eu prefiro ficar feliz pelo o que ela me deu, é o que eu aproveito hoje e é o que eu vou usar pro resto da vida, vou lembrar disso e vou me ver feliz e perdidamente apaixonado pelo sentimento de ser amado e amar. Ela é um presente.

E mais, encontro-me em um estado de paz bastante estável, isso enriquece a minha perspectiva de futuro. É como respirar por aparelhos, a depender de energia elétrica para ter expectativa de vida, que seria essa paz de espírito, mas me sinto bem e isso vai ajudar a criar um mecanismo de recuperação eficaz para quando não existir mais conforto. Também venho pensando em escrever, não da forma desajeitada que faço aqui, mas sim escrever de forma hiperfocada, quero escrever ao menos um livro e, no futuro, uma peça. Quero que ambos sejam retratos das coisas que vejo e das coisas que vivo e das coisas que as outras pessoas me dizem. Como amo o que as pessoas me dizem, é inexplicável a sensação. Elas quase sempre caem em desprezo pela minha parte mas não consigo viver sem saber sobre o que não gosto, é como conhecer o mundo e como os outros e eu mesmo funcionamos. Quero que esse sentimento, difícil de entender, esteja presente nas minhas obras, minhas magna opera. Magna opera é o plural de magnum opus, isso me lembra de quando menti à Beatriz que fazia aulas de latim na escola, eu amo sua reação ao recepcionar esses meus absurdos, eu amo sua personalidade.

É confortante e poético, retrato profundo e incomplexo, o meu amor cheio de alegria por essas coisas todas que compõem a vida.